dissabte, 8 d’octubre del 2011

Entrevistamos Manel Márquez, fundador do portal contrainformativo hispano Kaos en la Red. "10 anos de Kaos"

Kaos en la Red é hoje um portal referencial da informaçom alternativa no mundo de fala hispana. Falamos com o seu fundador, Manel Márquez, na cidade catalá onde foi criado, Terrassa.
[Traducción al castellano]
Em junho de 2011 fará 10 anos da sua apariçom na Internet, a partir da Rádio Kaos, que por sua vez tivera a sua origem numha reuniom em 1987 no local da CGT na cidade operária catalá de Terrassa. Precisamente nesse local encontramo-nos com Manel Márquez, historiador e professor naquela cidade, na qual tem passado quase toda a sua vida, ainda sendo originário de Ferreira, vila estremenha fronteiriça com Portugal e que conserva o galego-português vivo na sua populaçom.

Manel Márquez foi um dos fundadores de Kaos en la Red, um dos seus membros mais ativos e implicados e hoje contribui também com umha coluna de opiniom no Diário Liberdade. Sentados à mesa que viu nascer Rádio Kaos, entrevistamos o conhecido ativista da contrainformaçom:

Diário Liberdade – Manel, quais eram os objetivos de Kaos en la Red quando apareceu o portal e quais som hoje? Em que mudárom?

Manel Márquez - Quando começamos com Kaos en la Red a ideia era que o portal, mais do que dar informaçom, tentava analisá-la, através de artigos em que claramente se explicasse a manipulaçom dos media.

Começamos a fazer esse trabalho, mas entom verificamos que já havia um portal a fazer o mesmo. Eram dous companheiros de um outro site que se chamava "Contrastant", e isso ficava um bocado redundante.

Botamos um ano com este assunto, mas em 2002 ou 2003 já estavamos com umha outra ideia. Entrou um companheiro que é jornalista, e os outros dous companheiros, que tinham fundado comigo Rádio Kaos no ano 87, abandonárom a atividade no portal.

Passamos entom a fazer diretamente informaçom. Era informaçom alternativa: o que nom diziam os meios convencionais, diziamo-lo nós, com umha linguagem jornalística, aberta e standard. Essa linguagem e essa forma de comunicar tenhem ido variando ao longo do tempo.

A linguagem mostra a linha do portal. Começamos por análise da comunicaçom, continuamos por informaçom e linguagem crítica, mas standard, e o seguinte passo foi a entrada numha forma de comunicaçom que eu chamo "de guerrilha". Guerrilha pacifica, da comunicaçom, que é recolher as informaçons de outros meios e dar-lhes um toque especial.

Aí estám as manchetes de Kaos -por exemplo: "Agora dizem os banqueiros que a crise foi produzida por quem comprou vivendas"-, com esse toque de ironia e de crítica. Som formas de atrair o leitor.

Assim, o objetivo continua a ser o mesmo: informar, de um ponto de vista anticapitalista, do que outros meios nom informam; e que essa informaçom seja útil para as pessoas, ou seja, para se formarem. E umha vez fornecidos esses elementos, tentamos que sirvam para transformar, e nos referimos a que essas ideias, essas informaçons e esses debates podam ser úteis nas luitas dos movimentos sociais, políticos, etc... com o objetivo de garantir a unidade de açom dos anticapitalistas.

Um outro dos objetivos que tem Kaos é chegar ao máximo número de pessoas possível. Escrevémos artigos que fôrom lidos por 200 pessoas e agora os que temos som lidos 1.200. Agora estamos a falar de 45.000 ou 50.000 pessoas por dia. O nosso objetivo afinal deste ano é chegarmos às 75.000. Na verdade, eu sou um pouco obsessivo com o tema.

Estes som os objetivos que o portal coloca; aliás, deve dizer-se que nom pertence a nengumha organizaçom política. Há pessoas que temos militáncia política, mas muito pontual. Assim, o portal nom tem linha no ámbito partidista, mas no ámbito ideológico claramente sim: é netamente anticapitalista, democrática, unitária, que só concebe a luita democrática e pacífica de massas; e o nosso objetivo é formar e preparar as pessoas para elas terem a capacidade de se auto-organizarem e empurrarem para a destruiçom do capitalismo de forma prática, democrática e pacífica.

DL – E do ponto de vista técnico, como conseguides isso?

MM – Começamos com um desenho muito simples, em HTML, que figem eu próprio a partir de companheiros que nos ensinárom, para nom dependermos de ninguém. O servidor também era próprio, de um companheiro informático. Portanto, era um portal completamente independente, mas muito singelo e informal.

Demos o salto em 2003, com a passagem para o formato PHP. Nesse formato, habilitamos primeiro a autopublicaçom, depois os comentários e a seguir facilitamos o acesso a movimentos sociais e pessoas, para tentarmos chegar ao máximo número de pessoas.

Estes dez anos tenhem servido para que houvesse umha mudança no jeito de informar. Esse progresso técnico trouxo também mudanças informativas: antes fazíamos todo à mao, agora som as pessoas que diretamente sobem conteúdos.

Nós vivemos a experiência dos indymedia, a experiência de Seattle e pensámos que isto tinha que ser completamente aberto. E aí o que figemos foi introduzir a livre publicaçom, os comentários e o que faltava: dar voz aos movimentos sociais, como fazia "La Haine".

Dentre os territórios que incluímos, o Panamá, por exemplo, é excepcional, funciona de jeito autónomo. A Colômbia, Venezuela, Cuba... som países que funcionam perfeitamente. Entom, o público pode entrar livremente, qualquer cidadao pode publicar livremente.

O último que figemos, que tiramos de "Rebelión", foi a questom da opiniom. Aí temos colaboradores muito potentes, pessoas que começárom como colaboradoras e agora já som amigas. Por exemplo Carlos Fabretti, Gabirel Ezkurdia, Álvarez Solís... e todos os da América Latina.

Entom, temos esses três elementos: a cidadania anónima, movimentos sociais e os "intelectuais", embora nom gostemos muito do termo.

DL - Como analisamos esses três elementos de que falas?

É importante ver essas três partes do projeto: a gente comum, a gente organizada -que som os movimentos sociais- e os intelectuais, que som também gente comum que refletem sobre assuntos que surgem do quotidiano e que vam além, que elaboram.

DL – Como comentavas, houvo um aumento da importáncia de Kaos en la Red, cresceu o seu ámbito geográfico e o número de pessoas que o leem. Talvez, a repressom que nos últimos meses tem vindo a pior seja umha mostra disso, com acusaçons das instituiçons de chamar à violência e com criminalizaçom em meios de comunicaçom. Em que contexto achas que se produz esse recrudescimento da repressom?

MM – O contexto em que surge está claro e é o das lutas: a greve geral. Kaos en la Red é o meio mais importante -falando numéricamente, fique claro que nom somos mais que ninguém- e somos o "coraçom da besta". Quando a greve aconteceu, estávamos no núcleo da informaçom. Somos apenas mais um, mas o que aconteceu foi que se atacou o maior, disparou-se ao mensageiro. Um mensageiro que nunca apoiou nengumha açom violenta e que nom tem nengumha dúvida sobre a sua posiçom a respeito da violência, mas que sim dá voz a setores políticos que nom é que defendam a violência, mas que estám marginalizados polo sistema de informaçom capitalista, e o que acontece é que isso se utiliza.

A repressom sempre vai contra a açom que realizamos, que nom é mais que a de informar. Nom querem que se informe, nom querem que haja vozes dissidentes, e somos atacados e reprimidos injustamente.

Haveria que analisar a situaçom concreta em que estamos agora: a criminalizaçom de quaquer um que se opuger às medidas neoliberais. Portanto, eles veem a potência que tenhem os meios e que som um elemento muito importante para informar.

Mas as açons produzem-se na realidade, nom na virtualidade. E isso foi que os incomodou, que se utilizou a virtualidade para o completar na realidade do 29-S, e que essa realidade entrou na virtualidade de maneira potentíssima.

A ocupaçom anterior do Banco Banesto na Praça Catalunha [em Barcelona] transmitiu-se ao vivo, de Kaos estávamos em contato telefónico permanente informando de aquilo que esse dia estava a acontecer no banco, e é um direito dos cidadaos que se informe desse facto. Nós nom valiamos se estava bem ou mal. Ficárom molestos com que as pessoas se informassem através desses meios, e foi num ámbito de luita.

Mas estamos num contexto novo agora. Neste contexto, nom fômos aos tribunais porque somos pobres. Teríamos ido a julgamento com a Assumpta Escarp, mas nom temos dinheiro. Esperamo-la para quando deixar de ser vereadora.

O sistema fala de mobilizaçons na outra esquina do planeta -agora já nom tam longe- de maneira gloriosa, épica, mítica... mas na sua casa nada.

DL – Como na Grécia, por exemplo?

MM – Por exemplo na Grécia. E aí é onde eles tenhem o problema e onde se nos criminaliza. Mas agora a situaçom mudou.

E atençom, há que dizer que companheiros de outros portais fôrom também ameaçados como nós. A criminalizaçom continuou e foi aí que dixemos: "estám loucos, querem acabar com a liberdade de expressom, nom tenhem limite!". Por sorte, parece que, de momento, houvo umha pausa.

Decatamo-nos disso quando aparecemos na Televisom Espanhola. Aparecemos em duas reportagens ligadas diretamente com atos de violência. Relacionar pessoas de Kaos com atos de violência, e a mim em concreto, é nom nos conhecer. Quando a gente viu isso, nom acreditava.

Aí tivemos medo, e nom por nós, o problema é social, de repressom, grave e de fundo. O problema nom é Kaos, mas sim a maneira de pensar destas pessoas. Entom, pensamos que realmente acabariam com os portais.

Nesse momento, acudimos aos outros portais e dixemos: "Como vamos consentir que eles nos chamarem criminosos, se os criminosos som eles?". Eles som os criminosos, como dixérom em "Rebelión". Eles é que bombardeiam países e assassinam crianças no Afeganistám e no Iraque!

Recebemos o apoio doutras webs, mas nom se lhe deu a importáncia que tinha, sem entrar a avaliar que portais o figérom e quais nom. Estou a falar da criminalizaçom no caso de Assumpta Escarp, quando dixo que chamávamos à violência.

Nesse contexto de criminalizaçom, e agora que já nom sou presidente de Kaos en la Red, podo dizer abertamente que alguns companheiros nom avaliárom essas ameaças e nom atuamos conjuntamente. Permitírom sermos acusados por atos que nom correspondem com a realidade, e nom respondêrom. E acho que foi um erro grave da contrainformaçom.
Kaos dixo: "Nom venhem? Tanto fai, vamos todos", e houvo umha recolha de assinaturas que atingiu 5.000 assinaturas e que segue adiante. Mas houvo um erro grave da contrainformaçom.

DL – Entom, de que maneira achas que se podem coordenar meios como Kaos en la Red ou Diário Liberdade entre si face a essa repressom?

MM - Há que dizer que Diário Liberdade estivo connosco desde o começo até o final.
O que contei antes foi um exemplo de má coordenaçom. Nom de falta de resposta nem de solidariedade dos companheiros, mas de má coordenaçom.

No entanto, agora a situaçom mudou. Quando aconteceu o assunto da TVE, escrevemos para a Defensora do Telespetador. Nom houvo resposta, e aí fômos à CGT, ao comité de empresa, e houvo umha queixa formal. Umha semana mais tarde, TVE reconheceu que se tinha informado erroneamente sobre os portais e que a informaçom foi um desastre.

E entom, nesse mesmo informativo, aparecemos um outro dia e passamos de cyber-terroristas a cyber-ativistas. O que aconteceu nesse tempo? Morrêrom da vergonha porque falam de cyber-ativismo no caso dos países árabes, falam do facebook e das pessoas que se organizam contra as ditaduras mas em casa do ferreiro, espeto de pau. E entom deveu haver quem visse que estavam a fazer um ridículo lamentável -e continuam a fazer na mesma.

O que há que fazer é trabalhar de maneira conjunta. E há que se preparar porque venhem tempos duros.

DL - Logo, achas que a repressom irá para pior no curto e médio prazo? Que capacidade de resposta temos e como podemos reagir?

MM - Vivemos numha democracia limitada, que é formal e que tem aspetos positivos, mas com limitaçons muito grandes. É umha democracia que nasceu de baixa intensidade e que demonstrou ser de baixa intensidade.

A utilizaçom polo poder político do poder judicial é absoluta. Eu, o pessoal de Kaos e mais pessoas estamos a dizer que temos que nos organizar e considerar que no contexto que estamos vai haver que constituir frentes que defendam os direitos civis e as liberdades.
Haverá que voltar ao passado, à defesa do direito à liberdade de expressom e a que, porque um se manifeste contra a administraçom e o poder, nom é terrorista. Fazem sempre exactamente igual que essas ditaduras que tanto criticam e das que tam pouco gostam: quando nom concordas, és um criminoso.

Há que trabalhar de maneira unitária, e é isso que nom conseguimos. Algum site sim, mas ainda nom avaliamos que pode ocorrer que sejam fechados portais atendendo a qualquer barbaridade. De facto, já fôrom fechados.

Temos a perspectiva de a direita extrema chegar ao poder, representada polo PP. Temos sérias dúvidas sobre se estas pessoas vam respeitar a democracia e a liberdade de expressom.

Achamos que haveria que fazer umha campanha em defesa da liberdade de expressom no Estado espanhol, começar os diferentes portais a propor uns mínimos, e a nível internacional pôr a venda antes de sofrer o ataque. Teríamos que ir à Europa e a tribunais internacionais e dizer: "Temos medo de que no Estado espanhol sítios que nom dependem de empresas, mas da sociedade civil, sejam criminalizadas, ilegalizadas e fechadas".

E há outros portais que, sendo a sociedade civil organizada, podem ser convertidos de um dia para o outro em portais pilotados por Bin Laden ou por quem esta gente achar. Porque o que querem é que ninguém tenha liberdade de expressom, que ninguém critique o pensamento único.

Temos de trabalhar unidos. Temos que reunir-nos e falar essas questons, e nom o fazemos. Kaos o primeiro que fijo foi isso: em 2002 houvo um encontro de webs de toda a Catalunha, e na época de Rádio Kaos figemos dous encontros de raios do Estado espanhol em Terrassa.

DL - Achades que com o contexto atual, com as luitas que estám a acontecer mesmo no coraçom da Europa, meios como Kaos en la Red e os media alternativos em geral podem ser umha opçom para setores maiores da populaçom que nom saíam dos media de intoxicaçom, enquanto o sistema capitalista conseguia esconder as suas misérias?

MM - Kaos nasceu para vencer, e isso é chegar ao máximo de pessoas, e que o máximo de pessoas reflitam sobre a brutalidade deste sistema. Nom que as pessoas votem num partido ou noutro, mas que vejam que o capitalismo é um sistema criminal que nos leva para o desastre.

Para o conseguir, há que dar a isto umha qualidade e umha categoria que hoje nom tem. Estamos a trabalhar bem, mas teríamos que melhorar, e aí é que entra a nova linha de Kaos. A etapa de um diário mais personalista com um pequeno grupo de pessoas já acabou, e está a nascer um modelo democrático e aberto, mas profissionalizado. Ainda, muitas vezes debatímos se devíamos estar todos numha mesma web ou nom. Nom sei se conseguiremos isso, mas o modelo de Kaos vai ser profissional e democrático na mesma. E assim temos que chegar a mais pessoas.

O capital paga os seus meios. Quem paga os meios das classe populares? Nom há outra soluçom que que os pague a classe popular trabalhadora, e isso é o que as pessoas nom compreendêrom. Aí tivemos que recorrer à publicidade, sensata e honesta, com pessoas da esquerda e anticapitalistas. Mas também ao paypal e ao google, e que ninguém ache que isso foi umha alegria para nós. O problema é que para podermos manter o portal necessitamos esses recursos.

DL - Qual seria, pois, o papel dos media alternativos na etapa terminal do capitalismo em que segundo grande parte do ativismo e d@s especialistas estamos a entrar?
MM - No ámbito informativo, os portais temos ainda percurso por diante, mas nom esqueçamos que os portais e que a Internet podem ser fechados, como vimos no Egito há pouco. A rede é importante, levo dez anos a trabalhar nela, mas o mais importante som as pessoas.

Na fase terminal do capitalismo o mais importante som as mobilizaçons. Quando as pessoas se mobilizam, aparece no portal. As pessoas tenhem assumido que é importante informar. Ainda que fechem a Internet como aconteceu no Egito, se as pessoas continuarem ativas tenhem que abrir. Como aconteceu no Egito: quando fechárom a Internet, o pessoal estava ainda mais incomodado e revoltado.

Sem ativismo nom há portal, e o portal é ativismo que alimenta o ativismo. É umha alimentaçom mútua. Mas a base é a multidom das pessoas, nom mobilizamos as pessoas só com a Internet.

No ámbito político, às vezes se dá pouco valor ao trabalho da Internet. As pessoas que se vam organizar, necessitam infomar-se através do meio. É importante que o meio dê orientaçom a partir da opiniom de outras organizaçons.

Kaos escolhe todo aquilo favorável à política anticapitalista unitária, todo o que reforçar a unidade tem destaque. Kaos tem umha linha política, que é a da unidade. Para chegar ao leitor, essa linha tem de ficar clara, qualquer leitor de esquerda tem que se sentir representado.

O debate político de fundo é que estamos envolvidos em luitas muito potentes a nível mundial, e aqui vam ser também potentes, luitas que vam precisar de muita gente e da constituiçom de frentes de defesa dos direitos civis. Talvez no portal haja que abrir a espaços anticapitalistas mais moderados. Isso é umha opiniom pessoal minha, que está em debate agora em Kaos. Quando venha a política reacionária aqui haverá que somar todo o mundo que seja de esquerda, desde a social-democracia até o libertário.

DL - Qual a vossa opiniom sobre as luitas das naçons oprimidas polo Estado espanhol? Achades progressiva e, sobretodo, possível a derrota do imperialismo espanhol?

MM - De Kaos demos sempre cobertura a todo movimento político e ideológico. Enquanto o Estado espanhol exista, as diferentes nacionalidades tenhem direito a opinar e a construir um Estado espanhol diferente.

Também se nos tem criticado por dar cobertura ao movimento republicano. Sem a luita pola república e umha Espanha republicana, a questom da independência é complicada, assim foi que o vimos.

Neste momento, há umha situaçom em Euskal Herria arredor do processo de paz. Na Catalunha há um novo governo autonómico conservador, mas que se propom o direito a decidir e tratam o tema da independência de umha maneira mais clara. Noutras partes, há movimentos nacionalistas de esquerda surgindo e reorganizando-se.

Vamos conseguir que o Estado espanhol entenda que este é um estado plurinacional? Isto é complicado. Do nosso ponto de vista, na Catalunha temo-lo claro: temos direito a decidir se queremos a independência ou nom. O tema é que o Estado espanhol entenda isso, e vemos que está a ser difícil.

No caso basco, qualquer analista vê que o processo está acabado e que vai direto à paz. A etapa de violência no País Basco por parte da organizaçom armada acabou, todo o mundo o tem claro. Mesmo o Estado espanhol o tem claro, mas agora falta que o Estado se decida a participar nesse processo e acabá-lo. O governo central nom consegue ir adiante, como sim se fijo na Irlanda e noutras partes.

Vamos chegar a acordo com o Estado espanhol? É complicado. Como portal, vamos atender a toda pessoa que defender os valores democráticos e que os povos decidam. Do ponto de vista político, é mais complicado: o PSOE consentiu as consultas sobre a independência, mas fomos agredidos fisicamente, roubou-se-nos... Consentírom-se as consultas quando o que tinham que ter feito era promovê-las e defendê-las, porque é defender a democracia. A nós molesta-nos que nom nos deixem exercer a liberdade. Nós aceitamos a derrota como princípio democrático. Aceitariam eles a nossa vitória como derrota democrática?

No contexto que vem aí, segundo o PP as consultas teriam que proibir-se e os professores, bibliotecários, pessoas da cultura... que defendíamos o voto nesses referenduns, detidos e levados a julgamento. Som propostas centralistas e antidemocráticas, e, o pior, com o apoio do conjunto da populaçom do Estado espanhol.

Neste momento nom podemos derrotá-los. Ora bem, estamos num punto morto. Mais adiante, se os parlamentos basco, catalám ou galego -é mais difícil neste último caso- decidirem declarar a independência, o que aconteceria no contexto dumha Europa na teoria civilizada? Isso nom sabemos...

DL - Umha última pergunta: como pertencente à comunidade lingüística galego-portuguesa, na variedade da raia estremenha, qual a tua reflexom quando se ataca a unidade lingüística do galego-português enquanto se defende a do espanhol?

MM - Eu sou da zona da raia na Estremadura, onde temos cinco enclaves em que falamos português. Na zona nom havia respeito, até há pouco, por essa língua. Entom, a transmissom do idioma perdeu-se, o castelhano absorveu completamente esse território. Aqui na Catalunha, quando me dizem que se nom fala a língua esta se perde, estám a falar-me dumha experiência que eu já vivim.

Onde eu som o debate é muito elementar e é sobre a transmissom. Nom há o debate da origem da língua. A gente fala-a, sem mais. Da minha parte, tenho claro que a unidade da língua existe, que galego, português, o brasileiro e o que nós falamos, som a mesma língua. Tal como acontece com o valenciano e o catalám.
De alguns ámbitos tentam separar a língua por interesses políticos. Eu nom sou lingüista e nom podo falar em profundidade do assunto como para assegurar se galego e português som a mesma língua mas, como utente, se vou a Lisboa falando ferrerenho entendem-me, e entom, como podo dizer que é umha língua diferente se nom tenho interesses doutra classe em fazê-lo?

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