Kaos en la Red é hoje um portal referencial da informaçom
alternativa no mundo de fala hispana. Falamos com o seu fundador, Manel
Márquez, na cidade catalá onde foi criado, Terrassa.
[Traducción al castellano]
Em junho de 2011 fará 10 anos da sua apariçom na Internet, a partir da Rádio Kaos,
que por sua vez tivera a sua origem numha reuniom em 1987 no local da
CGT na cidade operária catalá de Terrassa. Precisamente nesse local
encontramo-nos com Manel Márquez, historiador e professor naquela
cidade, na qual tem passado quase toda a sua vida, ainda sendo
originário de Ferreira, vila estremenha fronteiriça com Portugal e que
conserva o galego-português vivo na sua populaçom.
Manel Márquez foi um dos fundadores de Kaos en la Red,
um dos seus membros mais ativos e implicados e hoje contribui também
com umha coluna de opiniom no Diário Liberdade. Sentados à mesa que viu
nascer Rádio Kaos, entrevistamos o conhecido ativista da
contrainformaçom:
Diário Liberdade – Manel, quais eram os objetivos de Kaos en la Red quando apareceu o portal e quais som hoje? Em que mudárom?
Manel Márquez - Quando começamos com Kaos en la Red a
ideia era que o portal, mais do que dar informaçom, tentava
analisá-la, através de artigos em que claramente se explicasse a
manipulaçom dos media.
Começamos a fazer esse trabalho, mas
entom verificamos que já havia um portal a fazer o mesmo. Eram dous
companheiros de um outro site que se chamava "Contrastant", e isso
ficava um bocado redundante.
Botamos um ano com este assunto, mas
em 2002 ou 2003 já estavamos com umha outra ideia. Entrou um
companheiro que é jornalista, e os outros dous companheiros, que tinham
fundado comigo Rádio Kaos no ano 87, abandonárom a atividade no portal.
Passamos
entom a fazer diretamente informaçom. Era informaçom alternativa: o
que nom diziam os meios convencionais, diziamo-lo nós, com umha
linguagem jornalística, aberta e standard. Essa linguagem e essa forma
de comunicar tenhem ido variando ao longo do tempo.
A linguagem
mostra a linha do portal. Começamos por análise da comunicaçom,
continuamos por informaçom e linguagem crítica, mas standard, e o
seguinte passo foi a entrada numha forma de comunicaçom que eu chamo
"de guerrilha". Guerrilha pacifica, da comunicaçom, que é recolher as
informaçons de outros meios e dar-lhes um toque especial.
Aí estám as manchetes de Kaos
-por exemplo: "Agora dizem os banqueiros que a crise foi produzida por
quem comprou vivendas"-, com esse toque de ironia e de crítica. Som
formas de atrair o leitor.
Assim, o objetivo continua a ser o
mesmo: informar, de um ponto de vista anticapitalista, do que outros
meios nom informam; e que essa informaçom seja útil para as pessoas,
ou seja, para se formarem. E umha vez fornecidos esses elementos,
tentamos que sirvam para transformar, e nos referimos a que essas
ideias, essas informaçons e esses debates podam ser úteis nas luitas
dos movimentos sociais, políticos, etc... com o objetivo de garantir a
unidade de açom dos anticapitalistas.
Um outro dos objetivos que tem Kaos
é chegar ao máximo número de pessoas possível. Escrevémos artigos que
fôrom lidos por 200 pessoas e agora os que temos som lidos 1.200. Agora
estamos a falar de 45.000 ou 50.000 pessoas por dia. O nosso objetivo
afinal deste ano é chegarmos às 75.000. Na verdade, eu sou um pouco
obsessivo com o tema.
Estes som os objetivos que o portal coloca;
aliás, deve dizer-se que nom pertence a nengumha organizaçom política.
Há pessoas que temos militáncia política, mas muito pontual. Assim, o
portal nom tem linha no ámbito partidista, mas no ámbito ideológico
claramente sim: é netamente anticapitalista, democrática, unitária, que
só concebe a luita democrática e pacífica de massas; e o nosso
objetivo é formar e preparar as pessoas para elas terem a capacidade de
se auto-organizarem e empurrarem para a destruiçom do capitalismo de
forma prática, democrática e pacífica.
DL – E do ponto de vista técnico, como conseguides isso?
MM
– Começamos com um desenho muito simples, em HTML, que figem eu
próprio a partir de companheiros que nos ensinárom, para nom dependermos
de ninguém. O servidor também era próprio, de um companheiro
informático. Portanto, era um portal completamente independente, mas
muito singelo e informal.
Demos o salto em 2003, com a passagem
para o formato PHP. Nesse formato, habilitamos primeiro a
autopublicaçom, depois os comentários e a seguir facilitamos o acesso a
movimentos sociais e pessoas, para tentarmos chegar ao máximo número
de pessoas.
Estes dez anos tenhem servido para que houvesse umha
mudança no jeito de informar. Esse progresso técnico trouxo também
mudanças informativas: antes fazíamos todo à mao, agora som as pessoas
que diretamente sobem conteúdos.
Nós vivemos a experiência dos
indymedia, a experiência de Seattle e pensámos que isto tinha que ser
completamente aberto. E aí o que figemos foi introduzir a livre
publicaçom, os comentários e o que faltava: dar voz aos movimentos
sociais, como fazia "La Haine".
Dentre os territórios que
incluímos, o Panamá, por exemplo, é excepcional, funciona de jeito
autónomo. A Colômbia, Venezuela, Cuba... som países que funcionam
perfeitamente. Entom, o público pode entrar livremente, qualquer
cidadao pode publicar livremente.
O último que figemos, que
tiramos de "Rebelión", foi a questom da opiniom. Aí temos colaboradores
muito potentes, pessoas que começárom como colaboradoras e agora já
som amigas. Por exemplo Carlos Fabretti, Gabirel Ezkurdia, Álvarez
Solís... e todos os da América Latina.
Entom, temos esses três
elementos: a cidadania anónima, movimentos sociais e os "intelectuais",
embora nom gostemos muito do termo.
DL - Como analisamos esses três elementos de que falas?
É
importante ver essas três partes do projeto: a gente comum, a gente
organizada -que som os movimentos sociais- e os intelectuais, que som
também gente comum que refletem sobre assuntos que surgem do quotidiano e
que vam além, que elaboram.
DL – Como comentavas, houvo um aumento da importáncia de Kaos en la Red,
cresceu o seu ámbito geográfico e o número de pessoas que o leem.
Talvez, a repressom que nos últimos meses tem vindo a pior seja umha
mostra disso, com acusaçons das instituiçons de chamar à violência e com
criminalizaçom em meios de comunicaçom. Em que contexto achas que se
produz esse recrudescimento da repressom?
MM – O contexto em que surge está claro e é o das lutas: a greve geral. Kaos en la Red
é o meio mais importante -falando numéricamente, fique claro que nom
somos mais que ninguém- e somos o "coraçom da besta". Quando a greve
aconteceu, estávamos no núcleo da informaçom. Somos apenas mais um, mas o
que aconteceu foi que se atacou o maior, disparou-se ao mensageiro. Um
mensageiro que nunca apoiou nengumha açom violenta e que nom tem
nengumha dúvida sobre a sua posiçom a respeito da violência, mas que sim
dá voz a setores políticos que nom é que defendam a violência, mas que
estám marginalizados polo sistema de informaçom capitalista, e o que
acontece é que isso se utiliza.
A repressom sempre vai contra a
açom que realizamos, que nom é mais que a de informar. Nom querem que
se informe, nom querem que haja vozes dissidentes, e somos atacados e
reprimidos injustamente.
Haveria que analisar a situaçom concreta
em que estamos agora: a criminalizaçom de quaquer um que se opuger às
medidas neoliberais. Portanto, eles veem a potência que tenhem os meios
e que som um elemento muito importante para informar.
Mas as
açons produzem-se na realidade, nom na virtualidade. E isso foi que os
incomodou, que se utilizou a virtualidade para o completar na realidade
do 29-S, e que essa realidade entrou na virtualidade de maneira
potentíssima.
A ocupaçom anterior do Banco Banesto na Praça
Catalunha [em Barcelona] transmitiu-se ao vivo, de Kaos estávamos em
contato telefónico permanente informando de aquilo que esse dia estava a
acontecer no banco, e é um direito dos cidadaos que se informe desse
facto. Nós nom valiamos se estava bem ou mal. Ficárom molestos com que
as pessoas se informassem através desses meios, e foi num ámbito de
luita.
Mas estamos num contexto novo agora. Neste contexto, nom
fômos aos tribunais porque somos pobres. Teríamos ido a julgamento com a
Assumpta Escarp, mas nom temos dinheiro. Esperamo-la para quando
deixar de ser vereadora.
O sistema fala de mobilizaçons na outra
esquina do planeta -agora já nom tam longe- de maneira gloriosa,
épica, mítica... mas na sua casa nada.
DL – Como na Grécia, por exemplo?
MM – Por exemplo na Grécia. E aí é onde eles tenhem o problema e onde se nos criminaliza. Mas agora a situaçom mudou.
E
atençom, há que dizer que companheiros de outros portais fôrom também
ameaçados como nós. A criminalizaçom continuou e foi aí que dixemos:
"estám loucos, querem acabar com a liberdade de expressom, nom tenhem
limite!". Por sorte, parece que, de momento, houvo umha pausa.
Decatamo-nos
disso quando aparecemos na Televisom Espanhola. Aparecemos em duas
reportagens ligadas diretamente com atos de violência. Relacionar
pessoas de Kaos com atos de violência, e a mim em concreto, é nom nos conhecer. Quando a gente viu isso, nom acreditava.
Aí tivemos medo, e nom por nós, o problema é social, de repressom, grave e de fundo. O problema nom é Kaos, mas sim a maneira de pensar destas pessoas. Entom, pensamos que realmente acabariam com os portais.
Nesse
momento, acudimos aos outros portais e dixemos: "Como vamos consentir
que eles nos chamarem criminosos, se os criminosos som eles?". Eles som
os criminosos, como dixérom em "Rebelión". Eles é que bombardeiam
países e assassinam crianças no Afeganistám e no Iraque!
Recebemos
o apoio doutras webs, mas nom se lhe deu a importáncia que tinha, sem
entrar a avaliar que portais o figérom e quais nom. Estou a falar da
criminalizaçom no caso de Assumpta Escarp, quando dixo que chamávamos à
violência.
Nesse contexto de criminalizaçom, e agora que já nom sou presidente de Kaos en la Red,
podo dizer abertamente que alguns companheiros nom avaliárom essas
ameaças e nom atuamos conjuntamente. Permitírom sermos acusados por atos
que nom correspondem com a realidade, e nom respondêrom. E acho que
foi um erro grave da contrainformaçom.
Kaos dixo: "Nom
venhem? Tanto fai, vamos todos", e houvo umha recolha de assinaturas
que atingiu 5.000 assinaturas e que segue adiante. Mas houvo um erro
grave da contrainformaçom.
DL – Entom, de que maneira achas que se podem coordenar meios como Kaos en la Red ou Diário Liberdade entre si face a essa repressom?
MM - Há que dizer que Diário Liberdade estivo connosco desde o começo até o final.
O
que contei antes foi um exemplo de má coordenaçom. Nom de falta de
resposta nem de solidariedade dos companheiros, mas de má coordenaçom.
No
entanto, agora a situaçom mudou. Quando aconteceu o assunto da TVE,
escrevemos para a Defensora do Telespetador. Nom houvo resposta, e aí
fômos à CGT, ao comité de empresa, e houvo umha queixa formal. Umha
semana mais tarde, TVE reconheceu que se tinha informado erroneamente
sobre os portais e que a informaçom foi um desastre.
E entom,
nesse mesmo informativo, aparecemos um outro dia e passamos de
cyber-terroristas a cyber-ativistas. O que aconteceu nesse tempo?
Morrêrom da vergonha porque falam de cyber-ativismo no caso dos países
árabes, falam do facebook e das pessoas que se organizam contra as
ditaduras mas em casa do ferreiro, espeto de pau. E entom deveu haver
quem visse que estavam a fazer um ridículo lamentável -e continuam a
fazer na mesma.
O que há que fazer é trabalhar de maneira conjunta. E há que se preparar porque venhem tempos duros.
DL - Logo, achas que a repressom irá para pior no curto e médio prazo? Que capacidade de resposta temos e como podemos reagir?
MM
- Vivemos numha democracia limitada, que é formal e que tem aspetos
positivos, mas com limitaçons muito grandes. É umha democracia que
nasceu de baixa intensidade e que demonstrou ser de baixa intensidade.
A utilizaçom polo poder político do poder judicial é absoluta. Eu, o pessoal de Kaos
e mais pessoas estamos a dizer que temos que nos organizar e
considerar que no contexto que estamos vai haver que constituir frentes
que defendam os direitos civis e as liberdades.
Haverá que
voltar ao passado, à defesa do direito à liberdade de expressom e a
que, porque um se manifeste contra a administraçom e o poder, nom é
terrorista. Fazem sempre exactamente igual que essas ditaduras que
tanto criticam e das que tam pouco gostam: quando nom concordas, és um
criminoso.
Há que trabalhar de maneira unitária, e é isso que nom
conseguimos. Algum site sim, mas ainda nom avaliamos que pode ocorrer
que sejam fechados portais atendendo a qualquer barbaridade. De facto,
já fôrom fechados.
Temos a perspectiva de a direita extrema
chegar ao poder, representada polo PP. Temos sérias dúvidas sobre se
estas pessoas vam respeitar a democracia e a liberdade de expressom.
Achamos
que haveria que fazer umha campanha em defesa da liberdade de
expressom no Estado espanhol, começar os diferentes portais a propor
uns mínimos, e a nível internacional pôr a venda antes de sofrer o
ataque. Teríamos que ir à Europa e a tribunais internacionais e dizer:
"Temos medo de que no Estado espanhol sítios que nom dependem de
empresas, mas da sociedade civil, sejam criminalizadas, ilegalizadas e
fechadas".
E há outros portais que, sendo a sociedade civil
organizada, podem ser convertidos de um dia para o outro em portais
pilotados por Bin Laden ou por quem esta gente achar. Porque o que
querem é que ninguém tenha liberdade de expressom, que ninguém critique
o pensamento único.
Temos de trabalhar unidos. Temos que reunir-nos e falar essas questons, e nom o fazemos. Kaos o primeiro que fijo foi isso: em 2002 houvo um encontro de webs de toda a Catalunha, e na época de Rádio Kaos figemos dous encontros de raios do Estado espanhol em Terrassa.
DL - Achades que com o contexto atual, com as luitas que estám a acontecer mesmo no coraçom da Europa, meios como Kaos en la Red e
os media alternativos em geral podem ser umha opçom para setores
maiores da populaçom que nom saíam dos media de intoxicaçom, enquanto o
sistema capitalista conseguia esconder as suas misérias?
MM - Kaos
nasceu para vencer, e isso é chegar ao máximo de pessoas, e que o
máximo de pessoas reflitam sobre a brutalidade deste sistema. Nom que
as pessoas votem num partido ou noutro, mas que vejam que o capitalismo
é um sistema criminal que nos leva para o desastre.
Para o
conseguir, há que dar a isto umha qualidade e umha categoria que hoje
nom tem. Estamos a trabalhar bem, mas teríamos que melhorar, e aí é que
entra a nova linha de Kaos. A etapa de um diário mais
personalista com um pequeno grupo de pessoas já acabou, e está a nascer
um modelo democrático e aberto, mas profissionalizado. Ainda, muitas
vezes debatímos se devíamos estar todos numha mesma web ou nom. Nom sei
se conseguiremos isso, mas o modelo de Kaos vai ser profissional e democrático na mesma. E assim temos que chegar a mais pessoas.
O
capital paga os seus meios. Quem paga os meios das classe populares?
Nom há outra soluçom que que os pague a classe popular trabalhadora, e
isso é o que as pessoas nom compreendêrom. Aí tivemos que recorrer à
publicidade, sensata e honesta, com pessoas da esquerda e
anticapitalistas. Mas também ao paypal e ao google, e que ninguém ache
que isso foi umha alegria para nós. O problema é que para podermos
manter o portal necessitamos esses recursos.
DL - Qual
seria, pois, o papel dos media alternativos na etapa terminal do
capitalismo em que segundo grande parte do ativismo e d@s especialistas
estamos a entrar?
MM - No ámbito informativo, os
portais temos ainda percurso por diante, mas nom esqueçamos que os
portais e que a Internet podem ser fechados, como vimos no Egito há
pouco. A rede é importante, levo dez anos a trabalhar nela, mas o mais
importante som as pessoas.
Na fase terminal do capitalismo o mais
importante som as mobilizaçons. Quando as pessoas se mobilizam,
aparece no portal. As pessoas tenhem assumido que é importante
informar. Ainda que fechem a Internet como aconteceu no Egito, se as
pessoas continuarem ativas tenhem que abrir. Como aconteceu no Egito:
quando fechárom a Internet, o pessoal estava ainda mais incomodado e
revoltado.
Sem ativismo nom há portal, e o portal é ativismo que
alimenta o ativismo. É umha alimentaçom mútua. Mas a base é a multidom
das pessoas, nom mobilizamos as pessoas só com a Internet.
No
ámbito político, às vezes se dá pouco valor ao trabalho da Internet. As
pessoas que se vam organizar, necessitam infomar-se através do meio. É
importante que o meio dê orientaçom a partir da opiniom de outras
organizaçons.
Kaos escolhe todo aquilo favorável à política anticapitalista unitária, todo o que reforçar a unidade tem destaque. Kaos
tem umha linha política, que é a da unidade. Para chegar ao leitor,
essa linha tem de ficar clara, qualquer leitor de esquerda tem que se
sentir representado.
O debate político de fundo é que estamos
envolvidos em luitas muito potentes a nível mundial, e aqui vam ser
também potentes, luitas que vam precisar de muita gente e da
constituiçom de frentes de defesa dos direitos civis. Talvez no portal
haja que abrir a espaços anticapitalistas mais moderados. Isso é umha
opiniom pessoal minha, que está em debate agora em Kaos.
Quando venha a política reacionária aqui haverá que somar todo o mundo
que seja de esquerda, desde a social-democracia até o libertário.
DL
- Qual a vossa opiniom sobre as luitas das naçons oprimidas polo
Estado espanhol? Achades progressiva e, sobretodo, possível a derrota
do imperialismo espanhol?
MM - De Kaos demos
sempre cobertura a todo movimento político e ideológico. Enquanto o
Estado espanhol exista, as diferentes nacionalidades tenhem direito a
opinar e a construir um Estado espanhol diferente.
Também se nos
tem criticado por dar cobertura ao movimento republicano. Sem a luita
pola república e umha Espanha republicana, a questom da independência é
complicada, assim foi que o vimos.
Neste momento, há umha
situaçom em Euskal Herria arredor do processo de paz. Na Catalunha há
um novo governo autonómico conservador, mas que se propom o direito a
decidir e tratam o tema da independência de umha maneira mais clara.
Noutras partes, há movimentos nacionalistas de esquerda surgindo e
reorganizando-se.
Vamos conseguir que o Estado espanhol entenda
que este é um estado plurinacional? Isto é complicado. Do nosso ponto
de vista, na Catalunha temo-lo claro: temos direito a decidir se
queremos a independência ou nom. O tema é que o Estado espanhol entenda
isso, e vemos que está a ser difícil.
No caso basco, qualquer
analista vê que o processo está acabado e que vai direto à paz. A etapa
de violência no País Basco por parte da organizaçom armada acabou,
todo o mundo o tem claro. Mesmo o Estado espanhol o tem claro, mas
agora falta que o Estado se decida a participar nesse processo e
acabá-lo. O governo central nom consegue ir adiante, como sim se fijo
na Irlanda e noutras partes.
Vamos chegar a acordo com o Estado
espanhol? É complicado. Como portal, vamos atender a toda pessoa que
defender os valores democráticos e que os povos decidam. Do ponto de
vista político, é mais complicado: o PSOE consentiu as consultas sobre a
independência, mas fomos agredidos fisicamente, roubou-se-nos...
Consentírom-se as consultas quando o que tinham que ter feito era
promovê-las e defendê-las, porque é defender a democracia. A nós
molesta-nos que nom nos deixem exercer a liberdade. Nós aceitamos a
derrota como princípio democrático. Aceitariam eles a nossa vitória
como derrota democrática?
No contexto que vem aí, segundo o PP as
consultas teriam que proibir-se e os professores, bibliotecários,
pessoas da cultura... que defendíamos o voto nesses referenduns,
detidos e levados a julgamento. Som propostas centralistas e
antidemocráticas, e, o pior, com o apoio do conjunto da populaçom do
Estado espanhol.
Neste momento nom podemos derrotá-los. Ora bem,
estamos num punto morto. Mais adiante, se os parlamentos basco, catalám
ou galego -é mais difícil neste último caso- decidirem declarar a
independência, o que aconteceria no contexto dumha Europa na teoria
civilizada? Isso nom sabemos...
DL - Umha última
pergunta: como pertencente à comunidade lingüística galego-portuguesa,
na variedade da raia estremenha, qual a tua reflexom quando se ataca a
unidade lingüística do galego-português enquanto se defende a do
espanhol?
MM - Eu sou da zona da raia na Estremadura,
onde temos cinco enclaves em que falamos português. Na zona nom havia
respeito, até há pouco, por essa língua. Entom, a transmissom do idioma
perdeu-se, o castelhano absorveu completamente esse território. Aqui
na Catalunha, quando me dizem que se nom fala a língua esta se perde,
estám a falar-me dumha experiência que eu já vivim.
Onde eu som o
debate é muito elementar e é sobre a transmissom. Nom há o debate da
origem da língua. A gente fala-a, sem mais. Da minha parte, tenho claro
que a unidade da língua existe, que galego, português, o brasileiro e
o que nós falamos, som a mesma língua. Tal como acontece com o
valenciano e o catalám.
De alguns ámbitos tentam separar a língua
por interesses políticos. Eu nom sou lingüista e nom podo falar em
profundidade do assunto como para assegurar se galego e português som a
mesma língua mas, como utente, se vou a Lisboa falando ferrerenho
entendem-me, e entom, como podo dizer que é umha língua diferente se
nom tenho interesses doutra classe em fazê-lo?
Fonte: Diario Liberdade |
Kaos. Galiza |
16-7-2011 a las 14:33 www.kaosenlared.net/noticia/entrevistamos-manel-marquez-fundador-do-portal-contrainformativo-hispa
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